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Crítica | Como Treinar O Seu Dragão

Convicta de reproduzir um remake quadro por quadro de uma de suas maiores animações, DreamWorks entrega perfeição visual e fidelidade em live-action que, até então, havia a menor necessidade de existir


Imagem: Universal Pictures/Divulgação
Imagem: Universal Pictures/Divulgação

 Na remota ilha de Berk, vive uma comunidade viking que é atormentada por uma praga nada convencional: dragões. Porém, quando o jovem Soluço (Mason Thames), filho do líder Stoico (Gerard Butler), desafia a tradição ao fazer amizade com uma fera da espécie Fúria da Noite, que ele apelida carinhosamente de Banguela, um novo futuro poderá ser forjado.


 Estamos vivenciando um período difícil para o mundo do entretenimento, principalmente, para a sétima arte. O ressurgimento massivo de remakes, sequências, reboots de longas-metragens e releituras em live-action de filmes de animação dominam o circuito comercial e agregam público e capital para que mais produções, que se afastam de uma originalidade que o cinema há muito vem necessitando, cheguem às telonas. Não vamos negar que, algumas dessas novas versões de clássicos como Mogli: O Menino Lobo (2016) e o mais recente, o grande sucesso Lilo & Stitch (2025), conseguem cativar o público que se sente acolhido pela nostalgia e pela certa fidelidade que nova produção procura manter com o material original.


 No entanto, mesmo que algumas dessas produções em massa carreguem um resultado parcialmente positivo, é identificável que a magia presente nesses filmes, até mesmo o sentimento de estar sendo surpreendido com emoções verdadeiras (além do fator nostálgico), está longe de se igualar aos seus originais. São visões diferentes e estéticas diferentes que acabam, por vezes, dando interpretações que ali não se encaixam, apesar das boas intenções e necessidade de promover novas leituras. Dean DeBlois, co-diretor de Como Treinar O Seu Dragão (2009) e condutor do remake que está nos cinemas, no entanto, entendeu a necessidade de se fazer uma refilmagem de seu clássico moderno da animação seguindo passo a passo e quadro a quadro de seu material original, a fim de manter sua ótima essência e, simplesmente, procurar aprimorar seu visual e estender seu legado para novas gerações. Vale destacar que o remake de 2025, em momento algum da história do entretenimento, substituirá o longa animado de 2009, servindo mais como uma ilustração e expansão do império da DreamWorks no gênero aventura familiar.


Tanto na sua forma quanto no conteúdo, Como Treinar O Seu Dragão de 2025 é um reflexo de dois extremos: da falta de originalidade de atormenta Hollywood e do êxito visual de adaptações que reproduzem seus materiais originais com qualidade, a ponto de entregar uma mídia repleta de positividade. Apesar de conter alguns momentos escuros e pouco saturados, este remake ganha o público pela imersão, já que foi gravado em locações reais, necessitando apesar de um leve trato nas cores em seus momentos iniciais, o que parcialmente é modificado ao longo do filme, quando Soluço e Banguela começam a estabelecer sua amizade. Dotado de belos efeitos visuais computadorizados, que mesclam, com maestria, o realismo e o cartunesco, Como Treinar O Seu Dragão possui uma bom trabalho de construção visual de suas feras, sendo o maior dos destaques o co-protagonista Banguela, cheio de personalidade, expressões e com cenas de voo que, com certeza, deixarão os olhos do fã da trilogia animada cheios de lágrimas.


Imagem: Universal Pictures/Reprodução
Imagem: Universal Pictures/Reprodução

 Não é prudente classificar o roteiro de Como Treinar O Seu Dragão, agora somente assinado por Dean DeBlois, como uma reciclagem do material de Chris Sanders e William Davies, que adaptou o livro de Cressida Cowell em 2009 em suas sequências, pois existem elementos, mesmo que minimalistas, que conseguem soar com novidades, como o maior tempo de tela de Stoico, que deu a Gerard Butler liberdade para dar vida novamente ao personagem, agora de corpo e alma e, talvez, de forma um tanto caricata, já que o ator foca na fidelidade ao personagem. Há também momentos mais detalhados entre a relação do personagem com seu filho, Soluço (Mason Thames), mesmo que venha a repetir a mesma temática da animação, e um curioso e inesperado destaque ao coadjuvante Melequento (Gabriel Howell), rejeitado pelo pai e com mania de grandeza, mesmo com sua insegurança e, tal como Soluço, desejo de se provar digno da confiança de seus familiares. O medo do desconhecido, a incansável busca por prova de valores e a ignorância tornam a ser temáticas presentes nesta nova versão.


 A fidelidade não se encontra somente na imagem e narrativa, mas também no desenvolvimento de seus personagens humanos, bem caracterizados e interpretados por artistas que esbanjam competência, assim como também a plena convicção de que não é só imitar o personagem, mas sim atribuir a ele alma e personalidade. É o que, felizmente, acontece com Mason Thames, ótimo no papel de Soluço, e Nico Parker, que brilha como Astrid e estabelece uma química promissora junto ao protagonista. Nick Frost parece se divertir interpretando Bocão, assim como Julian Dennison, que encarna Perna De Peixe. 


Imagem: Universal Pictures/Reprodução
Imagem: Universal Pictures/Reprodução

A trilha sonora épica de John Powell se faz presente em momentos oportunos e outro grande estaque está no figurino e direção de arte, que reproduzem trajes e cenários da animação com inspirações em registros históricos, mas sem perder o encanto e caracterização.


Como Treinar o Seu Dragão de 2025 é um curioso exemplo de material, até então inútil e que só alimentaria ainda mais a cansativa onda de remakes, que é bem produzido a ponto de ser agradável e de fácil apreciação. Esse êxito da DreamWorks Animation em seu primeiro live-action deve-se muito a Dean DeBlois.



Nota: ⭐⭐⭐/2

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